sexta-feira, janeiro 26, 2007

HELIO ANDRADE III

DIALETOS DA DOR


Eu estou perto,

A maré não concorda,

Quase nunca acerto

E o som das vaias não me incomoda.


Eu sou o pequeno,

O cego ferido,

O ódio contido,

A doce derrota,

Um livro esquecido

Eu sou o que vinga

O que não esquece,

O índio que não empalidece,

A mendiga maltrapilha na noite de natal,

Eu sou vergonha nacional.

Sou freira de pé e bicho de chão

Sou nordestino de peixeira na mão.

Africano selvagem,

Lanças contra a corporação.

Eu pinto a história com breu,

Toco canções esquecidas

que lembram você e eu.

Ironia desafinada de supôsto requien

Tenho os chifres de um querubim.

Eu não tenho mapas,

Idéias, conteúdo ou direção,

Eu abro caminho a força

Enfiando o dedo na cara da multidão,

Gritando com urros tribais

E levando os culpados para o porão.

Mesmo sem asas eu alcei vôo,

Eu estou contra o vento

traduzindo os dialetos da dor

que encontrei perdidos no tempo.


Helio Andrade

domingo, janeiro 14, 2007

DANIELLE GRACE I

Manifesto Cultural


Está tudo em seu perfeito estado

No jornal, na televisão

Mortes e mentiras

Estampado o nosso dia-a-dia

Qual a diferença de hoje ?

E o absurdo de amanhã ?

Rotularam nossas capacidades

Não somos o que queremos ser

Só as vezes no programa de TV

A nossa opinião é a pública

A nossa música perdeu a visão

Da sociedade mais injusta

E uma justiça que não tem direção

Nossos sonhos são barrados na relação da universidade

No desconto do supermercado

Na subvida e na inflação

Se perde as idéias no meio de tanta corrupção

O fim disso pode-se descobrir

Num livro de história da Nação.


Danielle Grace