segunda-feira, outubro 03, 2011

CRIATURA

Senti a noite como não queria,
Um escuro piscar do luto
como um "amor-cria" imundo
Vendo a Lua de cara suja que surgia
o vento como um susto
que um sono inteiro criava,
senti a noite que ria,
senti o que ela sempre dizia:

Você é cria minha !!


Helio Andrade

sábado, abril 16, 2011

Lágrimas


Lágrimas...
Corpo, siga meus passos!
deixe o caminho passar
no futuro, presente e passado...
olhos, vejam a paisagem mudar...
segundos o tempo absorve
memórias tendem a divagar...
alcunha da vida é a morte
preciso de sorte para despertar.
Lágrimas saltam,
não suportam mais dor...
globos da face, janelas da alma,
universo da mente, infinito amor...

Herik Rocha

sábado, janeiro 29, 2011

 TIRA OLHO, mais um do sertão.

Papo Amarelo era seu nome, cangaceiro de grande fama no sertão pernambucano, fiel ao bando, em primeiro lugar a lampião, respeitador de Maria Bonita e mal visto pelos coroneis de fazenda e engenho, as volantes de “macacos” grunhiam seu nome enquanto vinham da capital atráz de suas cabeças. Não muito baixo, mas troncudo, atarracado, cabelo grande, desgrenhado, sempre com olheiras decorrentes das noites atentas ao impreciso, pele branca, avermelhada pelo sol forte, aparentava uns 40 anos, mas tinha 30, sempre com suas roupas de couro claro, alpargatas escuras e borneis floridos bordados por Zefinha, sua companheira, possuia a voz rouca e forte, de fala rápida, tipico de quem é acostumado a gritar, liderar, possuia esse nomepor causa do seu rifle Wintchester papo amarelo que era sua fiel parceira e nunca lhe deixava desamparado. Era dono de um semblante eternamente sério que era intensificado pela cicatriz funda e grande que possuia acima da testa.
Não media as palavras, tinha a personalidade forte, carater duvidoso, justo com as discordias internas do grupo, tinha rancor do ricos que tinham terras a perder de vista, porque ele cresceu como bastardo em uma grande fazenda e dividia espaço com os cabritos ao mesmo tempo que sonhava com uma varanda florida em que pudesse brincar e depois descansar com sua mãe em uma rede.
Apelidado por uns como “tira olho”, pois era assim que fazia com seus desafetos, depois de imobiliza-los tiravam-lhe os olhos como um abutre sedento. Foi morto no mesmo dia que o resto do bando, deixando sua cabeça como um souvenir macabro para a posteridade, assim como ficam para posteridade, as várias histórias nordestinas que nada mais são do que outros souvenirs macabros, que ano após ano permeiam nosso imaginaram como se fossem páginas criadas de algum livro velho esquecido ou nas páginas versadas de algum cordel, mas na verdade são vividas, choradas e sangradas.

Helio Andrade